aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

31.5.05

Luz na escuridão, sopro de ar...

Após ter seu coração partido pela segunda vez pela mesma pessoa; após descobrir-se enxergando a vida inteira embaçada por conta das lágrimas; após acreditar que não teria forças para superar tudo de novo; após excomungar a felicidade do seu coração; expurgar qualquer sentimento romântico; prometer-se a insensibilidade; maldizer o que fora amor; repugnar o que antes era desejável; chorar até secar as dores; após tudo isso, a ligação cósmica que existe entre ela e ELE demonstrou todo seu poder.

Uma vez, ELE fora capaz de fazê-la sorrir e de arrancá-la do fundo do abismo em que se metera. Uma vez, ele a salvara da correnteza de lágrimas e juntara os cacos da alma feminina que estraçalharam sem qualquer sentimento piedoso. Uma vez, ele devolveu a cor, a vida, o amor.

Agora, mais uma vez, ELE faz as vezes de redentor (ou seria anjo da guarda??). Mesmo distante, mesmo sem saber, mesmo sem imaginar, mesmo sem qualquer pista de que ela estava vivendo novamente aquela tempestade, ELE a salvou. Às sete da manhã, de uma terça-feira triste, a campanhia do celular tirou-a do estado comatoso em que se encontrava. A voz masculina fez com que ela despertasse do pesadelo, as palavras de carinho e a lembrança além-mar fizeram-na sorrir.

Foi como se, em meio a maior tempestade que ela vivera, ELE, com mãos divinas, simplesmente afastasse as nuvens escuras e fizesse o sol aparecer só para ela, iluminando somente ela, focalizando-a como um refletor. Foi como se ele fizesse respiração boca-a-boca enquanto ela se afogava submersa em suas próprias desilusões. ELE foi a luz na escuridão, o sopro de ar...

E porque ELE se lembrou dela ao ouvir uma música; porque ELE sabe como fazê-la sorrir; porque ELE sabe exatamente o que ela precisa ouvir; porque ELES se amam de um modo totalmente sobrenatural; ela ganhou o dia (e a eternidade) e parou de lamentar.

“I had no choice, but to hear you
You stated your case, time and again
I thought about it
You treat me like I’m a princess
I’m not used to liking that
You ask how my day was

You’ve already won me over in spite of me
And don’t be alarmed if I fall head over feet
And don’t be surprised if I love you for all that you are
I couldn’t help it, it’s all your fault

Your love is thick and swallowed me whole
You’re so much braver than I gave you credit for
That’s not lip service

You are the bearer of unconditional things
You held your breathe and the door for me
Thanks for your patience

You’re the best listener that l’ve ever met
You’re my best friend, best friend with benefits
What took me so long?

I’ve never felt this healthy before
I’ve never wanted something rational
I’m aware now
I AM AWARE NOW”




30.5.05

Ele foi...

Ela há muito escondera dentro de si a convulsão que ele provocava. Empacotara o sentimento, expremeu-o num pequeno embrulho e o guardara num recanto escuro e escondido do fundo do armário. Por muitos meses, esqueceu-se de que ele estava lá, guardado. Em muitos dias, chegou a crer que ele jamais, em tempo algum, realmente existira. E em seus momentos ébrios, bradava ao céu infinito que fora tudo fruto da sua imaginação ultra-romântica de adolescente tardia.

Ele não se conformava, não entendia, não percebia os labirintos e teias existentes naquela complexa alma feminina. Dilacerava-se, sofria, confundia, não compreendia... A frieza com que ela fora capaz de anular as forças daquele sentimento, simplesmente zipá-lo, doía-lhe e ele sofria além do que era capaz de sofrer.

Fingida, ela engolia em seco sempre que o via, nunca conseguiu se referir a ele como um amigo, nunca conseguiu olhar com indiferença os inúmeros beijos dele em outras meninas, nunca perdeu a revoada de borboletas e lembrava sempre do beijo suave e das mãos quentes, do ombro acolhedor e do afago nos cabelos, quando deitava a cabeça no travesseiro. Ainda assim, o pequeno embrulho permanecia intocável, no seu lugar.

Porém, uma notícia abriu o armário e desembrulhou o sentimento tão bem guardado. Rasgou o pacote, e, a pressão tamanha a que ela submetera aquilo tudo, causou uma explosão imensurável em seu ser, inundando novamente a vida, os pensamentos e o dia-a-dia dela, seu quarto, sua alma, seus espaços, desvãos.

Ela observou-o de longe e viu a felicidade com que ele levava a vida. Queria se reaproximar, mas ele tinha agora um outro ritmo, sem ela. Sabia que alguns a olhariam com desprezo, outros com descaso, poucos chegariam ao limite extremo da educação, que beira à grosseria. Não era fácil. De longe, sem que ele percebesse, discretamente, ela buscava espaços, notícias, o momento certo.

O tempo para agir era curto demais para que ela esperasse a hora certa. Então, numa noite chuvosa, em que os relâmpagos iluminavam os olhos dele (que dissolviam a alma dela), ela derramou sobre ele, em prantos e soluços, todo seu sentimento, expulsou de si tudo aquilo que extravasava porque não agüentava mais mantê-lo comprimido. Transbordou-se.

Ele olhou-a sem paixão, sorriu o sorriso dos que não sabem como reagir. Como fizera com tantas outras, procurou se fazer entender, disse que esperara por aquela confissão por muito tempo e a pediu que saísse do carro. Era tarde demais para eles, amanhã era segunda e eles tinham que acordar cedo.

Ela debulhou-se em lágrimas, soluçou, abraçou-o, e entendeu que ali estava alguém que... Não, ela não sabia definir, mas sabia que o queria perto de si. Não queria mais se expor, não queria mais sofrer, não queria mais se machucar, não queria sair dali, não queria deixá-lo ir...

Mas ele foi.

25.5.05

Um oceano a separar
(em 25/05/2005)


Talvez o sorriso, talvez o olhar
Talvez instinto, talvez um par
Não sei a razão nem o que há
Sem definição, impossível disfarçar
Os outros percebem o que está no ar
E percebendo, entendem os olhos de mar
E entendendo, torcem para o amar
Todos sabem, eles teimam em negar

Seguem errando um erro palpável
Seguem brincando com o inevitável
Seguem lutando contra o insuportável
Seguem fingindo o indisfarçável
Seguem sorrindo para o desejável
Seguem entendendo o indecifrável
Seguem sonhando o beijo interminável
Porque um é para o outro um ser amável

O tempo não fez o sentimento esvanecer
A luta segue entre o querer-nãoquerer
Como kamikazes, teimam em oferecer
A dádiva do perfeito amor para morrer
Terceiros até tentam aparecer
Lúcidos,querem obrigá-los a perceber
Que não faz sentido tanto querer
Ainda assim, eles preferem escolher

De repente, a alma solta um grito
O mundo inteiro entra num louco giro
E então se dão conta do infinito
Da imensidão do que não precisa ser dito

Por fim, não dá mais pra disfarçar
Por fim, a vida teima em passar
Por fim, o oceano a separar
E o sentimento ainda está lá.



Chico Buarque - Futuros Amantes

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

22.5.05

Meu Aniversário

Não é fácil para mim ser forte e não chorar... Sempre passo por um momento de reflexão nas datas importantes. No dia do meu aniversário, relembro os livros que li e adorei, as viagens que fiz e não esqueci, os amigos (tantos...) perdidos mundo afora... Reflito se as pessoas que eu amo me amam na mesma intensidade; se as pessoas que quero, me querem da mesma forma; se as pessoas que considero, ao menos olham pra mim com carinho...

Não posso escapar disso. Fica tudo rodando aqui... Uma vida inteira de feitos e desfeitos, enlaces e desenlaces, de sorrisos e lágrimas e tantas companhias diferentes... Gostaria de me agarrar a cada uma das pessoas que considero importante, atá-las a mim, para que ficassem a vida inteira comigo...

Quando eu precisasse de um ombro, o melhor ombro amigo do mundo estaria lá. Quando eu precisasse badalar, o melhor amigo farrista estaria lá. Quando eu precisasse de juízo, as melhores lições de moral da história estariam lá. Se eu quisesse rir até doer a barriga; ou assistir a uma comédia romântica; ou Sex and the City e pipoca; ou estudar até virar a noite; ou de pessoa só pra fazer companhia; ou companhia para a consulta médica; ou um médico para conforto e segunda opinião; ou opinião sobre a escolha entre duas propostas de emprego; ou de alguém que quebre o galho no trabalho; ou de um amigo para dividir as tarefas; companhia para um porre na madrugada; ou conversa ao telefone até de madrugada; ou noite às claras jogando truco; ou jogo da verdade... Tudo que eu queria e precisaria na vida estaria lá, ao alcance.

Certo, certo... Sei que hoje é meu aniversário, mas de parabéns mesmo estão meus grandes e inúmeros amigos. Todos eles. Seja lá de onde a gente se conheça. Não importa. Amo-os todos, de um jeito ou de outro. Saudade de uns, impaciência com outros... Admiração por uns, preocupação com outros... Orgulho de uns, decepção com outros... Enfim, obrigada, todos vocês, por existirem!



CALADA (em 22/05/2005)


Faladas, as palavras secam
Perdem um pouco do sentido
Saem e se perdem
Vagam no infinito

Faladas, as palavras esvaziam
Não são mais as mesmas
Não mais significam
O sentimento, a fortaleza

O calor que as extravasou
Não se propaga no ar
A palavra que soou
Sempre teima em esfriar

E não se propagando
Resta apenas o som
Do corpo queimando
Do gesto, do tom

Uma vez ditos
Nunca expressarão
O tumulto sem sentido
Que vibra no coração

A tal sonoridade
Jamais expressará
A verdadeira infinidade
Que dentro de mim há

Para grandes sentimentos
É, sim, melhor calar
Impossível expressar o momento
Impossível relatar

Hoje, prefiro assim
Calar-me, ficar muda
Saibam: o que há em mim
É de infinidade absurda

17.5.05

Notícias de mim

Fim de semana em Salvador PERFEITO!!! Se soubesse, publicaria umas fotos aqui! Itabuna também tem seu encanto. A vista da orla de Salvador do Ferry Boat a caminho da Ilha de Itaparica é indescritível. Recomendo!
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Volta à rotina difícil. O corpo quer, pede e implora muitas horas de sono para recuperar as tantas passadas em claro, com som alto e copo cheio. Muita coisa pendente no trabalho, por isso, não estranhem minha ausência essa semana.
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Só para terminar o post de hoje, um poema meu (sim, é meu, viu?)
DAQUI
Daqui, de onde a alma lateja
e o corpo inteiro relampeja,
de mãos unidas, rezo para que sejas
alguém que também me deseja
Daqui, de onde escondo meu desvario
de querer te ter até perder o brio,
de sentir o amor correr como um rio,
de sentir minha carne antever o cio,
Desejo apenas um momento contigo,
uma noite a sós e sem perigo
em que se encontrem nossos umbigos
e o leito seja, então, nosso abrigo
Daqui, de longe, de onde te observo
não fujo, não corro, não me preservo
não sei onde estou nem o que é certo
Sou o que quiseres ter por perto
Daqui de onde desejo teu desejo
Sinto vibrar em mim todo meu anseio
Sinto, sem controle, palpitar o seio
Espera, angústia, por teu doce beijo.

11.5.05

Pílulas

Semana de cão. Nunca me senti tão cansada. Mas a certeza da farra do fim de semana me faz suportá-la. Amanhã à noite, deixo a terrinha cantando: "Ai, ai, ai, ai, tô solteira em Salvador! Cadê o meu amor?!?!?". Ai, Bahia, minha nega, você promete arrebentar meu coração. E eu, que de santa, medrosa, cautelosa, não tenho nada, tô contando os minutos...

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Não sei onde eu tava com a cabeça quando inventei de colocar o curso de francês para as sete e meia da manhã! Personne ne le mérite! Dava meu reino inteiro por mais duas horinhas de sono! E "Todo dia faço tudo sempre igual, me sacudo às seis horas da manhã", só que não sorrio, fico blasfemando a vida... Ai, ai, santa ignorância.

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Só para adoçar um pouco meus dias, postarei dois poeminhas de minha autoria, já que os outros deram boas repercussões (não recebi nem um ovo ou tomate voador até agora), vou postando aos poucos minhas "obras" (rsrsrs).


Fim

Quer ir embora? Vai...
Finja não saber que contei horas
Esperando você voltar,
Que arrumei a casa, a sala, a alma
Na ansiedade de te ver adentrar
Esqueça todos nossos momentos,
Os bons e os lamentos,
Em que foste amante e amigo
Em que simplesmente esteve comigo.

Vai e não olhe pra trás!
Agora já não adianta mais!
Não sinta remorso ou culpa.
Deite a cabeça no travesseiro e durma!

Vai! Tás esperando o quê?
Vai! Enquanto ainda há tempo de viver!
Vai, enquanto está claro,
Enquanto é manhã
E te embeleza a doçura da maçã
E a juventude não custa caro.

Vai! Vai logo! Some daqui!
Continuarei plantando orquídeas
Vivendo de qualquer jeito a vida
Usando perfume de jasmim
Continuarei escovando os cabelos
No fim do dia, vendo o sol se por
Lacrimejando com o fim do calor
Desejando teus olhos sem tê-los

Vai! Não sofrerei tanto assim...
E quem sabe, um dia, voltes para mim!

Complexo

Cansei...
De tentar mostrar o óbvio,
De provar meu sentimento
De me conformar com o irrisório
De viver nesse tormento

Chega...
De forjar sorrisos!
De fingir conformação!
De usar de artifícios!
De viver contemplação!

Basta...
De se alegrar com o ínfimo
De viver de esperança
De sorrir para o mínimo
Dessa falta de importância

Preciso ter juízo,
Sair da contra-mão,
Largar este meu vício,
Essa irretorquível ilusão

Cansei, chega, basta...
Deste poema cínico
Pois quando você se afasta
De joelhos eu fico

Imploro seu retorno
Não seguro o choro
E peço perdão

Ajoelhada no chão.




9.5.05

Agora, do amor

Não posso negar que fui forçada a escrever sobre o que amo, após o post malcriado da série “eu odeio...”. Mamãe detestou! Alguns amigos disseram que eu estava ranzinza. Mas, considerando que ontem foi dia das Mães e a minha é um pessoa muuuiiiiito importante na minha vida; considerando que passarei próximo fim de semana na Bahia e considerando que não tô podendo me queixar da vida; passemos à série “eu amo...”.

Eu amo a minha mãe, mesmo quando ela enche o saco, perguntando coisas sem sentido e querendo saber tudo da minha vida quando eu simplesmente não estou afim de falar; e também quando ela fica hoooooras na frente do computador e não presta atenção quando eu tô falando da minha vida e afim de conversar. Amo principalmente quando eu abro a porta de casa tendo certeza de que ela está lá e que eu posso fazer charminho que ela fará tudo que eu quiser. Pronto!

Eu amo beijar na boca, à beira-mar, naquela cena típica de cinema, em que a brisa assanha os cabelos, o beijo amolece as pernas e os dois se entregam num abraço fluido. Eu amo quando o carinha me olha nos olhos e acaricia as minhas costas. Eu amo que peguem no meu cabelo, eu amo cafuné, e amo encostar a cabeça no ombro. Amo sentir cheiro de perfume masculino.... Amo dormir abraçadinho depois de fazer amor e acordar com um monte de beijinhos.

Amo meus amigos. Pode parecer clichê, mas são mesmo os irmãos que escolhi. Adoro rir de nossas lembranças toscas e passar momentos e situações impublicáveis com eles. Amo nossas inúmeras bebemorações! Amo demais a reciprocidade na consideração, a atenção incondicional, a presença constante que distância alguma consegue destruir. Amo vê-los crescer. Amo as nossas histórias pra contar, nossas piadinhas internas, nossos gostos convergentes, nossos sonhos confluentes, nossos desejos de eternidade...

Amo lembrar a minha infância. Eram barbies, bicicletas, patins, banhos de piscina, churrascos na casa da vovó, filminhos no domingo à tarde, papai acordando a gente com o violão, papai Noel e coelhinho da páscoa... Esconde-esconde, pega-pega, bandeira, bulldog, e as variações criadas pela minha turminha: pega-pega de patins, João ajuda de mão dada; João ajuda americano (kkkkkkkkk!).

Amo dia de chuva, principalmente se for domingo e eu não tiver nada pra fazer e puder passar o dia todo no limiar entre dormir e acordar, bolando na cama. Amo dias de sol, principalmente se for domingo e eu estiver num churrascão com uma turma enorme de amigos, com direito à cervejinha suada e muita carne.

Eu amo cantar quando eu estou dirigindo, dançar em frente ao espelho, comer sanduíche com molho especial, o salgado de queijo da cantina da faculdade, a lasanha da mamãe, a chatice matinal da Manu, ligações inesperadas, mensagens surpreendentes, aliás, eu adoro me surpreeender com as pessoas... Adoro a sensação gerúndica de estar me apaixonando, quando se percebe claramente sinais de que aquela pessoa está se tornando importante para você, aquele coisinha que só ele faz deixa você meio tonta, mexe com seus brios, modifica sua pulsação.

Amo acordar tarde, dormir mais um poquinho, ler livros nas tardes livres, a poesia de Manuel Bandeira e de Pedro Lyra, a escrita despretensiosa e intrigante de Isabel Allende, a profundidade de Clarice Lispector e o senso de humor inconfundível de Veríssimo, gosto do pai deste também. Amo escolher uma musica para cada momento da minha vida e para cada alguém que aparece no meu caminho. Amo telefone celular. Amo a solidariedade das pessoas, mas amo mais ainda aqueles que sabem criar a independência naqueles com quem se solidarizam.

Amo o Direito com todas as minhas forças e, de alguma forma, ainda tenho esperança de que ele seja um mecanismo imprescindível para a construção da sociedade em que sonho que meus filhos vivam. Acredito na Justiça terrena. Na divina, não. Sei que de alguma forma depende de mim mudar tudo isso. Amo meu país, mesmo cheio de problemas, da fome e da miséria. Amo a alegria desse povo, o modo de enfrentar as adversidades da vida sem perder o gingado, de levantar a cabeça e passar por cima da dor e do sofrimento e engolir em seco e seguir vivendo, mesmo quando tudo parece perdido.

Amo meu aniversário, reunir em torno de mim pessoas com as quais me identifico, de quem gosto, com quem dividi tantas histórias e que sabem muito da minha vida e de mim. Portanto, dia 22 de maio, todo mundo na Geppos da Beira Mar, porque meu aniversário é de suma importância para a minha felicidade plena. Conto com todos! Confirmem as presenças porque estão todos convidados, todos os meus amigos de todos os tempos: os de perto e os de longe, os da escola e os da faculdade e do curso de francês, os vizinhos, os do prédio, os da vida, das farras, os da net e os do escritório, os reais e os virtuais... Todo mundo tem que estar lá!

PS: Lógico quem tem muitas outras coisas pelas quais caio de amores, não dava para colocar tudo aqui, né?

5.5.05

Do ódio

Por mais que o nosso sentimentalismo cristão puna este sentimento, por mais que a Bíblia apregoe que devamos mostrar a outra face, ele é tão comum que a gente não cansa de conjugar o verbo: eu odeio, tu odeias, ele odeia... Não, não é todo dia, nem sempre é assim, mas existem certas coisinhas que são absolutamente intragáveis, detestáveis, repugnantes...

Odeio quando acho que a noite foi formidável e o filhudapiiiii some sem dar notícia. Odeio quando diz que vai ligar e não liga. Odeio quando me vê , depois de séculos de sumiço, numa balada qualquer, e vem me dizer que está com saudade. Odeio homem grude, que liga já no dia seguinte, que pergunta dez mil vezes quando a gente vai se ver de novo, e porque eu não posso saire o que eu estou fazendo e com quem tenho falado. Odeio cara que pega no pé, não me deixa respirar, vive me cercando e se informando sobre minha vida. Deixa a coisa acontecer, piiii!

Odeio homens que olham para bundas como se admirassem uma carne pendurada no açougue. Odeio mais ainda aqueles cuja auto-estima ultrapassa com vantagem o ponto mais alto do Everest, vivem como se não pisassem o chão e estivessem com um permanente torcicolo, que os impedem de baixar e/ou girar o pescoço. São egoístas, egocêntricos, e geralmente, muito ruins de cama, se preocupam apenas com o próprio prazer e esquecem que ali, ao lado, existe alguém.

Odeio com todas as minhas forças acordar cedo e só o faço porque é realmente necessário. Prefiro o frescor da aurora, a caminha morna... De manhã cedinho é a hora do sono mais gostoso. Mesmo assim, essa humanidade insana inventou que a jornada de trabalho deveria ter oito horas e começaria às oito, que as aulas na escola deveriam começar às sete, que malhar de manhã faz bem e te deixa disposta... E, sem perceber, passamos a vida toda dormindo menos que gostaríamos.

Odeio com todas as minhas forças gente falsa, daquele tipo que dá beijinho de um lado e do outro com a bochecha e sem encostá-la, dá gritinhos e sorrisinhos que não convencem nem criança e falam tudo no diminutivo. Quando você vira as costas, puxa alguém e fofoca ao ouvido absurdos e mentiras... Odeio mais ainda quem fala mal da vida alheia. Se for para falar de alguém, fale que a pessoa tá bonita, tá mais magra, que tá feliz com o namorado novo, que passou num concurso dificílimo... Mas ficar inventando coisas, piiiiiiii, é sem perdão! Odeio as mulheres fúteis, fáceis, atiradas, burras, desmerecedoras da condição que têm, que envergonham a classe. Bem como odeio as frustradas, limitadas, mal amadas (ou mal comidas). Tem que haver um meio termo.

Odeio quando o feriado cai no fim de semana. Odeio o estresse da mamãe. Odeio fazer prova e entrevista. Odeio roer minhas unhas (embora seja muito custoso me livrar deste vício). Odeio operadoras de telemarketing, com seu jeito de estarem importunando a gente, enquanto estão insistindo para que estejamos adquirindo um produto cuja qualidade está sendo comprovada e cujo preço está sendo o melhor de todos os tempos, entendeu senhora fulana? Odeio propaganda sem graça, principalmente as das Casas Bahia e congêneres. Odeio a televisão aberta aos domingos. Odeio não ter dinheiro para trocar o carro, comprar um perfume que eu adoro, viajar para França, acabar meu momento down no shopping.

Odeio me sentir sozinha, carente. Odeio a sensação de que meus melhores amigos estão do outro lado do mundo e de que todos estão indo embora, e eu continuo aqui. Odeio não ter uma presença masculina pra fazer charminho, para dormir no ombro, para preencher minhas tardes quentes de domingo e o nada para fazer. Sim, porque é fácil se esquecer que está sozinha durante a semana, em que se tem mil coisas para resolver, falta tempo até para comer... Mas no domingo à tarde, quando a tevê dá claros sinais de sua decadência, sua família está entretida com coisas mais atraentes, seus amigos estão ocupados com seus respectivos, você se sente um ninguém...

Odeio o feminismo! Sim, eu quero casar, quero um cara que me banque, quero flores e porta do carro aberta, quero ouvir o pedido de namoro, de noivado, de casamento. Odeio ter que ser independente, bem resolvida, bem sucedida, bem vestida, bem feita, inteligente, falar outros idiomas, odeio! Quero é cuidar dos filhos e mandar alguém arrumar a casa. Sair para gastar o dinheiro dele no shopping com maquiagem e perfumes e lingeries.

Odeio pessoas fedorentas, eles que me desculpem, mas o cheiro é fundamental. Odeio gente que tem caspa! Odeio unhas dos pés pintadas de francesinha. Aliás, odeio patricinhas e seus cabelos tingidos de loiro, suas unhas pintadas de renda, seus cadernos-canetas-papéis-roupas cor-de-rosa. Odeio gente fresca, que não gosta de aventura, que não desmancha o penteado, que não bota o pé no chão, que não bebe em boteco de esquina, que não come churrasquinho de gato, que não sai para as noitadas sem rumo e em lugares inimagináveis, que não toma banho de chuva, que não dá um mergulho no mar com roupa e tudo, que não chega em casa de manhã, que não toma seus pileques...

Odeio quem comemora como a vitória na Copa do Mundo porque passou numa faculdade que até analfabeto passa. Odeio dúvidas, me sentir dividida, confusa, indecisa. Odeio gente que só fala em carros e corpos, discutamos coisas mais significativas! Odeio tiozinhos t(s)arados, cuja estupidez beira o ridículo, entra na crise dos quarenta e sai querendo ter vinte, paquerando meninas, farreando e bebendo como se não tivesse filhos pré-adolescentes para criar.

Odeio a concentração de renda brasileira e odeio ainda mais a corrupção institucionalizada, o “jeitinho” de se resolver problemas, odeio policiais que aceitam suborno, odeio juízes que vendem sentenças, odeio pessoas que vendem a alma, o sonho, o desejo dos outros e até os seus por um trocado qualquer. Odeio a Igreja Universal. Aliás, eu odeio a Igreja como um todo, todas elas! Odeio briga de torcida, odeio a sensação de insegurança quando saio de casa à noite, sozinha. Odeio depender de transporte público. Odeio não acreditar mais nos políticos e me decepcionar com o sonho de mudança. Odeio não ver perspectiva de melhora. Odeio perder a esperança e ainda assim ter esperança.

Odeio tudo isso e tantas coisas mais...
Mas eu amo demais tantas outras!

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Caros amigos que passam sempre por aqui, meu aniversário é dia 22/05, para aqueles que moram em Fortaleza, convido-os para a comemoração que ocorrerá no domingo, 22/05, na Geppos da Beira Mar, a partir das 19:ooh. Quem quiser comparecer, é só avisar porque preciso reservar mesas suficientes!
Para os de fora, se quiserem marcar presença, serão muito bem vindos, ressaltando que a quinta feira seguinte, 26/05, será feriado. Pense aí: uma semaninha em Fortaleza, hein?

3.5.05

C'est pour quelq'un qui est très loin!

"You're the best listener that I've ever met. You're my best friend, best friend with benefits... What took me so long?... You've already won me over in spite of me. And don't be alarmed if I fall had over feet and don't be surprised if I love you for all that you are. I couldn't help it, it's all your fault"

Hoje é um dia especial, não porque caiu uma chuvinha gostosa quando eu estava acordando e deu aquela preguicinha de sair da cama. Não porque o sol se abriu e me sorriu quando saí de casa e eu pude observar um arco-íris brilhante a oeste. Não porque acordei disposta depois de uma noite meio conturbada. Não porque estou feliz com minhas próprias escolhas. Não, hoje não é um dia especial porque sei que estou trilhando um caminho meu, em conformidade com minhas convicções e meus sonhos. Nada disso o faz um dia especial. Hoje é especial porque ELE É.

As palavras nunca foram (nem serão) suficientes para dizer o quanto as pessoas são especiais. A mim, aparentam sempre limitadas, sempre ficam aquém do que realmente se quer dizer. ELE é aquele para quem sempre corri no desespero, na dor, na hora da choradeira e na da gargalhada também. ELE é aquele que me entende, me anima, me dá auto-estima, me faz sorrir. ELE é alguém em quem posso confiar, alguém que sei que estará presente em minha vida apesar de qualquer coisa, seja a distância de um oceano, sejam as ocupações, seja a falta de tempo... Sei que, mesmo que anos se passem sem que nos falemos, no momento em que nossos olhares se cruzarem, tudo será como sempre foi, sorriríamos, nos abraçaríamos e contaríamos todas as histórias de nossas vidas como se nunca tivéssemos nos distanciado.

Sinto ainda sua falta, como no primeiro dia depois da sua partida. Ainda choro escondido, como naquele dia. Dói ainda não poder ligar de madrugada quando o coração aperta, dói não ter com quem dividir piadinhas infames que ninguém mais entende, dói não ter com quem cantar PERFÍDIA, dói ainda não ter com quem dividir os domingos solitários... Uma pontada quando lembro da voz desafinada cantando sem acertar nenhum verso uma música qualquer da Ivete Sangalo... Uma fisgada quando lembro daquele sorriso e da gargalhada inconfundível...

Sim, ELE me faz muita falta e hoje, num dia tão especial, em que mais um ano de sua vida se completa, mais um passo se faz necessário para a escalada de conhecimento, eu, melhor amiga que sou, não poderia jamais deixar de prestar esta homenagem e dizer pela enésima vez que amo demais esta pessoa que ELE é e que acredito que há um futuro glorioso aguardando por este homem de opiniões fortes, de ombros largos, de gestos fartos, de voz marcante e de coração paradoxalmente e extremamente bom (Ai, me descompensei!).

(Pausa para enxugar as lágrimas)

Bruno, Feliz Aniversário!!! Eu amo você!