aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

28.12.05

Feliz 2006

Se abrir os olhos ao nascer do primeiro dia do ano que bate à porta, agradeça. Se se sentir bem e com saúde; agradeça. Se tiver comida em sua mesa, agradeça. Se seus familiares, amigos e pessoas queridas estiverem bem e próximos a você, agradeça... AGRADEÇA!

Se puder fazer planos e projetar grandes realizações no ano que vem; se puder sonhar e fazer escolhas; se puder tomar decisões importantes; se puder fazer conjecturas a respeito de projetos pessoais; se puder viajar e conhecer pessoas novas; se puder estudar coisas interessantes, ler Caio, Cecília, Bandeira, Pessoa, Drummond, Allende; se puder ir à praia nos dias de sol e beijar na boca nos banhos de chuva; se puder encontrar amigos em mesas de bares; SINCERAMENTE AGRADEÇA.

Se conseguir superar seus limites e ir além do que supôs capaz; se conseguir encontrar um amor desses que inudam o quarto, a alma, a vida; se conseguir perdoar erros de amigos e estranhos; se conseguir superar traumas e dores; se conseguir vencer seus próprios desafios pessoais e os impostos pela vida; se conseguir ser mais alegre que triste, mais amante que amado, mais ouvinte que falante, mais doador que presenteado, mais amigo; se você simplesmente conseguir ser mais, melhor em tudo; AGRADEÇA.

Quero apenas que no Ano Novo eu consiga fazer tudo isso e um pouquinho mais. Desejo o mesmo a todos vocês!

22.12.05

Cenas dos próximos capítulos...

Meus queridos,

Sei que a dona desta biroska aqui (como diria minha amiga blogueira, Can) está em falta com vocês todos. Mas sabe como é, faculdade quando sai da greve fica um estresse. Ex se formando, estresse! Fim de ano, estresse! Falta de dinheiro pra comprar presente pra todo mundo que gostaria estresse! Enfim, minha vida tá uma correria!

Quero apenas que saibam que dentro em breve voltarei a postar. Já pedi a conta, falta fazer o balancete e passar a régua. Nos próximos capítulos, minhas reflexões de 2005 e meus projetos de 2006. É muita coisa sobre o que pensar!

Se eu não voltar a postar antes do Natal, Feliz Natal a todos os meus leitores e comentadores queridos!!!

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Ela saía caminhando normalmente daquele elefante branco, como chamavam aquela obra descontextualizada de todo projeto arquitetônico da cidade (se é que existia um). Ouvia, atrás de si, pisadas fortes, firmes, barulhentas. Sabia que era um homem! Olhou de rabo de olho e confirmou. Sim, era um homem, desses comuns por ali, engravatado, terno escuro, igual aos outros, não fosse o peso do olhar dele sobre ela. Aquele olhar na nuca que você sente antes mesmo de confirmar, antes mesmo de se virar, antes de olhar para trás.
Ela fingiu que não viu, não deu trela e continuou caminhando até o carro. Ele logo atrás dela. Enquanto virava a chave na porta, ela se rendeu e deu uma olhada em direção a ele, que, indo em direção ao próprio carro, continuava a olhá-la. Ela entrou no carro às pressas e deu uma risada. Saiu séria, rápido, quase cantava pneus e sem olhar para ele.
Ao dobrar a esquina, vê o carro dele passando a sua frente. A risada, que ele viu pelo retrovisor, foi inevitável. Ele emparelhou seu carro ao dela, gesticulava pedindo pra que ela baixasse os vidros. Ela só ria! Ao parar em um sinal, novamente com os carros emparelhados, ele pediu que ela baixasse o vidro, dissesse o nome, desse o telefone. Ela ria com a persistência do rapaz e, sim, baixou o vidro, disse o nome e deu o número.

19.12.05

no hero in her sky...

Não sei o que tem nessa música, mas ela me descompensa completamente... Sabe quando você não consegue se conter e parece que tudo aquilo que está escondido dentro da gente é implodido e verte em lágrimas que caem copiosamente? É exatamente assim que me sinto... Esse aperto no peito, essa dorzinha fina que incomoda tanto e os olhos molham...

Eis as 3 versões:

The blower's daugther

And so it is...
Just like you said it would be
life goes easy on me
most of the time
And so it is...
The shorter story
No love, no glory,
no hero in her sky

I can't take my eyes of you
I can't take my eyes of you
I can't take my eyes of you
I can't take my eyes of you
I can't take my eyes of you
I can't take my eyes...

And so it is...
Just like you said it should be
we'll both forget the breeze
most of the time
And so it is...
The colder water
The blower's daughter
the pupil in denial

I cant' take my eyes of you
I can't take my eyes of you
I can't take my eyes of you
I can't take my eyes of you
I can't take my eyes of you
I can't take my eyes...

Oh, did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
leave it all behind?

I can't take my mind of you
I can't take my mind of you
I can't take my mind of you
I can't take my mind of you
I can't take my mind of you
I cant' take my mind...


Então me diz

Então me diz
Nada é tão triste assim
A vida é boa pra mim
Mais que o normal
Então me diz
Qualquer história
De amor e glória, eu sei
Não dá mais pra voar

Eu não sei olhar sem você
Eu só tenho olhar pra você
Eu só sei olhar pra você
Eu só sei olhar pra você
Só sei olhar pra você
Eu não sei olhar...

Então me diz
Frases feitas comuns
Já sei ficamos no ar
Mais que o normal
Então me diz
Faz frio agora
A musa inglória partiu
Negando seu papel

E eu nem sei olhar sem você
eu não sei olhar sem você
Eu não sei olhar sem você
Eu só sei olhar pra você
Só sei olhar pra você
Eu só sei olhar...

Uh... nunca disse te amo
Nunca disse te estranho
Nem importa mais

E eu só sei pensar em você
Eu só sei pensar em você
Eu só sei pensar com você
Eu só sei pensar com você
Só sei pensar em você
Só sei pensar... pensar...


É isso aí

É isso aí
Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa
Quase sempre
É isso ai
Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua


E eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar de te olhar

É isso ai
Há quem acredita em milagres
Há quem cometa maldade
Há quem não saiba dizer a verdade
É isso ai
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos a escolher seus amores

Eu não sei parar de te olhar
Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar

13.12.05

Enfim te vejo

Enfim te vejo. Enfim pouso nos teus meus olhos curiosos, ávidos... Olhos que tentam desvendar o que está escondido nos cantos recônditos deste olhar. Sim, enfim te vejo! E busco nas conversas amenas perquirir tua alma; devassar teus pensamentos; ler nas entrelinhas o que não conseguimos dizer por cômoda educação, por conveniência, por proteção, para não arrancar novamente a casca da ferida que ainda não cicatrizou por inteiro. Tu falas sobre o vento gelado do lado de lá, de catedrais monumentais, parques fenomenais, lugares que iluminam sonhos de metade dos que moram do lado de cá. Tu devaneias sobre lugares e histórias, sobre farras e memórias e desvia o olhar. E evitando me olhar... Talvez porque percebes o campo eletromagnético ao nosso redor, como objetos ionizados por cargas elétricas opostas a soltar descargas em faíscas despertadas pelo encontro do olhar. Enfim te vejo e depois de tanto tempo tu filosofas sobre História e Arte, sobre museus e espetáculos, enquanto eu revisito cada detalhe desse rosto que eu conheço de cor, que é a mais doce das imagens mnemônicas. E nesse momento em que tu fitas o ar, a noite ou uma estrela qualquer que brilha a nos observar do céu “é que te olho detalhado, e nunca saberás quanto e como conheço cada milímetro da tua pele”, esses vincos ao redor da boca, esses olhos cheios de um encantamento infantil e esse sorriso capaz de iluminar qualquer ambiente. E me perco do que dizes, e a cabeça viaja às memórias deste rosto em meu colo, dedos entrelaçando cabelos, lábios e línguas se buscando, mãos perdidas num corpo só que envolve duas almas. E, tão dissimulada, penso nisso tudo enquanto falas qualquer coisa sobre qualquer lugar em que estivestes. E finjo tão bem que não percebes que meu desejo é apenas “chegar a esse mais de dentro que me escondes sutil, obstinado, através de histórias como essas”. E enquanto tentas mostrar tudo que aprendestes, percebo o quanto tu te escondes de mim e te afastas. “Tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo e embora supondo conhecer as regras, me deixo tomar inteira por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro, a aceita-los com um cão faminto aceita um osso descarnado, essas migalhas que me vais jogando entre as palavras e os pratos vazios, torno sempre a voltar, talvez penalizado do teu olho que não se debruça sobre nenhum outro assim como sobre o meu” e te espero com a convicção da beata que espera a salvação após a morte, com a vontade do faminto em frente a um prato de comida; com o querer da mãe que espera o primeiro filho. E voltarei sempre a ti, porque foste qualquer coisa de inexplicável, destas que deixam a marca gravada a ferro na alma, transcendendo o que quer que se possa imaginar de superficial, de epidérmico. Enfim te vejo e descubro que te esperei este tempo todo querendo apenas voltar pra ti; “tornarei sempre a voltar porque preciso desse osso, dos farelos que me têm alimentado ao longo desse tempo, e choro sempre quando os dias terminam porque sei que não nos procuraremos pelas noites”. Pairo pelo mundo, vago pela vida, sobrevivo apenas quando da tua ausência e esta ausência doída, lacerante, pungente só serviu para que as certezas se evidenciassem, para que as dúvidas arrefecessem, para que as mudanças antes impossíveis ocorressem, para que eu me preparasse para ser o que desejaste por tanto. E longe vão meus pensamentos e em mim pousam teus olhos, percebo teus lábios carnudos se movimentarem, dando vida a qualquer história que finjo ter interesse com um sorriso no canto da boca, “atrás de cada palavra tento desesperada encontrar um sentido, um código, uma senha qualquer que me permita esperar por um atalho onde não desvies tão súbito os olhos, onde teu dedo não roce tão passageiro meu braço, onde te detenhas mais demorado sobre isso que sou e penses quem sabe que se aceito tuas tramas” é porque é chegada a hora de voltar àquele ponto esquecido, àquele ponto que supúnhamos soterrado, àquele ponto em que paramos para nos despir um do outro. Enfim te vejo e espero, rezando, chorando, pedindo, implorando silenciosamente, sem abrir a boca, sem alterar a respiração, sem lágrimas, sem cenas, que fiques.
* Citações do Conto "À beira do mar aberto, Os dragões não conhecem o paraíso - Caio Fernando Abreu"

7.12.05

Se demorar, I'll wait for you...

Algumas pessoas simplesmente não passam. Ficam lá, presentes mesmo quando ausentes; são constantes, mesmo que o contato não seja diário; são amigos mesmo quando das brigas. Existem poucas pessoas, é verdade, das quais a gente nunca esquece. É dessas pessoas que eu sinto falta nos momentos em que estou distante. São eles que me dão força, que reiteram a torcida por mim, que acreditam no meu potencial, que me fazem confiar em mim mesma e ir além do que supus capaz. São pessoas que a gente ama até os defeitos e perdoa as falhas sempre, simplesmente porque elas fazem o mesmo conosco. São pessoas sem as quais a gente não consegue imaginar a vida e a mínima possibilidade de perdê-las ou se afastar delas causa uma dor lacerante, pungente. Certas pessoas ficam tatuadas dentro da gente de um modo estranho, profundo demais. Como se a marca não fosse apenas epidérmica, mas também estivesse gravada na alma. Não descolore, não desbota, não sai... São essas pessoas que eu quero ter por perto sempre, porque a vida é uma pedreira, mas ao lado delas tudo é bem mais fácil.
Welcome Back, YOU!
Debbie, Suellen e Jamille vocês estão no rol destas pessoas descritas acima, viu? Sintam-se todas abraçadas nesta data querida. Feliz Aniversário pra vocês!!!

4.12.05

Sobre a ansiedade

Foi o primeiro pensamento do dia. Mal abriu os olhos, já estava com aquilo a perturbar sua cabeça. Lia alguma coisa, zapeava os canais na TV, comia coisas gostosas (o que não é nada bom pra quem está de dieta), telefonava para os amigos pra jogar conversa fora, conferia extratos bancários e contas a pagar na internet, saía de casa, fazia compras... Tentou se distrair com tudo, de conversas a drogas pesadas, de flertes a suruba. O pensamento ainda estava lá!
Não, não sabia o que fazer para pensar em outra coisa. Sim, havia o frio na barriga, a idealização do durante e do depois, até as falas ela já tinha passado várias vezes, em português E EM INGLÊS (poderia ser necessário, né?). Tinha revisto mentalmente princípios e instruções das quais não poderia esquecer. Tinha planejado a postura, a roupa, o olhar, o tom de voz... Tinha que ser perfeito para que a impressão fosse perfeita.
Não, ela não podia se dar o luxo de errar, porque talvez não tivesse outra chance. Precisava dizer as palavras certas para convencer. Precisava ser exatamente aquilo que era desejado. Precisava atender todas as expectativas para que, enfim, a vida que planejara depois disso tudo se realizasse. Para que, enfim, os sonhos se consubstanciassem.
E essa espera que tem data marcada para acabar parece não ter fim.
PS: Neste texto, existe uma interpretação óbvia. Mas é preciso entender as entrelinhas... Eis a ruguinha na testa!

1.12.05


Hoje eu acordei com uma vontade danada de mandar flores ao delegado
de bater na porta do vizinho e desejar bom dia
de beijar o português da padaria...