aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

4.12.05

Sobre a ansiedade

Foi o primeiro pensamento do dia. Mal abriu os olhos, já estava com aquilo a perturbar sua cabeça. Lia alguma coisa, zapeava os canais na TV, comia coisas gostosas (o que não é nada bom pra quem está de dieta), telefonava para os amigos pra jogar conversa fora, conferia extratos bancários e contas a pagar na internet, saía de casa, fazia compras... Tentou se distrair com tudo, de conversas a drogas pesadas, de flertes a suruba. O pensamento ainda estava lá!
Não, não sabia o que fazer para pensar em outra coisa. Sim, havia o frio na barriga, a idealização do durante e do depois, até as falas ela já tinha passado várias vezes, em português E EM INGLÊS (poderia ser necessário, né?). Tinha revisto mentalmente princípios e instruções das quais não poderia esquecer. Tinha planejado a postura, a roupa, o olhar, o tom de voz... Tinha que ser perfeito para que a impressão fosse perfeita.
Não, ela não podia se dar o luxo de errar, porque talvez não tivesse outra chance. Precisava dizer as palavras certas para convencer. Precisava ser exatamente aquilo que era desejado. Precisava atender todas as expectativas para que, enfim, a vida que planejara depois disso tudo se realizasse. Para que, enfim, os sonhos se consubstanciassem.
E essa espera que tem data marcada para acabar parece não ter fim.
PS: Neste texto, existe uma interpretação óbvia. Mas é preciso entender as entrelinhas... Eis a ruguinha na testa!