aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

21.2.05

Mais do mesmo

Não, eu não tenho mesmo direito de me sentir sozinha. Como todo mundo, tenho amigões do peito, pessoas com quem realmente posso contar, pessoas que realmente me conhecem, me orientam, acrescentam luz e melodia à minha vida. São poucos, sim, mas são mais que suficientes. Não importa quão distante estejam, com que freqüência nos encontremos ou nos falemos, não importa se passamos meses a fio sem notícias, nem se nos vemos constantemente, a amizade que existe entre a gente não padece, não esmorece. São amigos que eu sei que, mesmo depois de anos e anos, ainda estarão em minha vida, para sempre. Dividimos farras, fins de semana sem conta, gargalhadas e lágrimas, alegrias e tristeza, saudade, inúmeras fotos, segredos, fofocas, dividimos, enfim, a vida.

Tenho também os amigos de agora, pessoas que convivem comigo, que falo todos dias, que fazem parte da minha rotina, do meu cotidiano. São pessoas que estão no presente, mas não sei se estarão no futuro. Não importa! São amigos de farra, amigos de faculdade, amigos do trabalho... São amigos, sim, e são muitos! Talvez o prazo de validade da amizade não seja ad infinitum, mas nada disso diminui o carinho que nutro por eles.

Existem também inúmeros colegas. Gente que não me conhece a fundo, não ouve minhas histórias, minhas gargalhadas, não divide suas histórias comigo, mas estamos nos mesmos ambientes, temos amigos em comum, afazeres semelhantes. Sei lá. De alguma forma, nos conhecemos. São muitos amigos em potencial, que por algum motivo qualquer a vida teima em não nos unir. São também pessoas com quem, às vezes, não existe afinidades: enquanto adoro pop rock, a pessoa só ouve brega; eu, amando pizza; e a pessoa, sushi; eu adoro conversar e rir, a pessoa, calar e observar... Sei lá, tem gente que, sinceramente, não bate, não entra, não desce. Tem gente que gosta mesmo é de polemizar! Ninguém é unânime, nem eu!

Como disse mil vezes e não canso de repetir, sou como todo mundo, uma anônima neste mundo ao deus-dará, não fiz nada de interessante ou surpreendente (ainda), não tenho placas nem monumentos em minha homenagem, não sou exemplo de nada nem sirvo ou me dedico a isso, não quero ser um ícone, não tenho grande pretensões, não quero fama, não quero ser milionária, não quero mudar o mundo (gosto das coisas deste jeito, poderia dar uns retoques), não quero ser lembrada pelas gerações seguintes, não almejo pisar a lua, não sonho com luxo e requinte, nada disso me atrai.

Meus sonhos e planos são bem mais modestos e menos pretensiosos que os enumerados acima. Quero uma vida simples, um trabalho dignificante, gratificante; um amor incondicional e correspondido; filhos barulhentos e casa cheia; viagens anuais para momentos de prazer; dinheiro suficiente para realizar pequenos planos e gostos; uma casa na praia e uma outra no campo; tempo suficiente pra desfrutar da companhia dos meus filhos e netos; amigos fiéis e presentes; tardes de conversas na varanda; inúmeros vezes ver o sol se por e nascer; envelhecer com lucidez e saúde e morrer tranqüilamente, sem sofrer, sem dor.

Pelo que eu sou, muitos me amarão e outros me detestarão, prefiro acreditar que existirá um número maior no primeiro grupo. Seguirei a minha vida como sempre. Viverei o hoje como tenho feito. Divertir-me-ei porque mereço. Sairei para as baladas porque é o momento. Beijarei muito porque é a fase. E um dia, realizarei minhas pequenas pretensões. Tenho a vida inteira pela frente e o mundo inteiro a desvendar. Não tenho como ser unânime. Há pessoas que querem mudar o mundo, dominar o caos, viajar a Terra inteira, almejam à fortuna, ao poder, à riqueza. Existem pessoas que simplesmente não têm nada a ver comigo e a minha forma de ver e pensar e me expor representa uma afronta, um mal. Não me desgastarei mais com esse tipo de gente. Tenho outras tantas ao meu lado que permitem meu sorriso e minhas lágrimas de admiração e amor. Sou feliz assim e ainda serei muito mais.
PS: Ju, suas palavras no comment do post anterior foram redentoras. Chorei muito! Bizarria, você sabe que eu te amo! Você é a melhor amiga de todos os tempos e o Oceano Atlântico não é nada mesmo!