aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

13.1.05

As motivações

Sim, eu sou egocêntrica! Sim, eu olho demais para o meu próprio umbigo! Sim, mãe, eu estou me expondo demais aqui, abrindo ao mundo a minha vida, dividindo com amigos e desconhecidos o que me aflige. Sim, eu sei que deveria falar sobre o sol, sobre o mar ou sobre as flores. Sim, eu sei que deveria usar a terceira pessoa ou a voz passiva sintética. Sim, eu sei, eu sei de tudo isso. Mas como?

Não consigo imprimir a paixão e tenacidade que permeiam meus textos se não estiver falando sobre o que sinto. Não sei ser convincente, persuasiva, se não estiver defendo aquilo em que acredito. Não sei ser meio-termo, não sei ser hipócrita. Além disso, e principalmente, não quero que meu blog seja um poço profundo de superficialidades e conversinhas inúteis, impessoal. Talvez tenha transformado-o no meu querido diário virtual, mas só sei dissertar sobre mim.

Talvez fosse mais fácil contar histórias da minha infância ou discorrer sobre livros e artes, mas é sobre o meu mundinho “casa - faculdade - estágio - farra - casos mal sucedidos - romântica até doer - sonho com príncipes - desilusões - amigos demais - saudade - vida”, que sempre cai o meu olhar.

Não tenho pretensão de escrever livro nenhum, embora muitos dos meus amigos achem que deveria! Não tenho pretensão de ser poetisa (nem pretensão nem talento! As poucas poesias que escrevi em minha vida, jamais publicaria aqui)! Não tenho a menor ânsia de reconhecimento, Academia Brasileira de Letras! Não forço, não penso, não planejo o que escrevo, simplesmente sai, salta de dentro do peito. Às vezes, um acontecimento do dia-a-dia ou uma conversa com um amigo faz com que eu pense: “Isso renderia um excelente post! Vou amadurecer essas idéias”. Mas depois, só coloco mesmo para fora o que me inquieta, o que me atordoa, o que pesa durante os meus sonhos, os meus motivos.

É justamente esse o fundamento: escrevo para colocar para fora os meus motivos para chorar, os meus motivos para sorrir, os meus motivos para viver, os meus motivos para cair de amores ou detestar alguém, os meus motivos que me fazem ser o que eu sou. Só isso! Como fazer isso sem me expor?!?

A identificação de muitos é instantânea; de outros, simplesmente inexistente. Pouco importa. Muitas vezes são baboseiras sentimentalóides; outras tantas, só aprendizados com as portas e tapas na cara que levei nessa vida; em algumas, só para deixar claro o quanto amo certas pessoas; mas no final de tudo, o intuito é mesmo abrir minha vida.

Como sugere o próprio título, estou aberta ao mundo. “Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra!”, mas antes disso leia o post Pedras nas mãos.