aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

26.11.04

Os três patetas e as meninas super poderosas

Existe um certo preconceito que parece atrelar a dor de amor às mulheres. Elas sofrem, sim. Elas choram, elas enlouquecem ao perder o HOMEM da sua vida. Elas vivem atrás do príncipe encantado e perfeito, redentor, salvador, apaixonado, lindo, rico, disponível, íntegro, simpático, inteligente, divertido, tarado, carinhoso... Ahh, são tantos qualificativos!

Enfim, o fato é que nos acostumamos a vincular a dor de amor à mulher. Os homens aparentam sempre não se preocuparem muito, não sofrerem muito. Acabam um relacionamento de anos de manhã e, na mesma noite, já estão atracados com outra, numa boate qualquer, aos beijos. Vai bem dizer que você não pensa assim também? Os amigos ajudam o cara a cair na farra, enquanto as amigas secam as lágrimas e aconselham aquela que sofre.

Tudo bem. Sei que a literatura, principalmente a romântica, está aí para provar que existem homens fiéis, cujo amor inabalável mantém a adoração por um único ser do sexo feminino. Todavia, estamos habituados às inúmeras comprovações da máxima: “homens cachorros, mulheres sofridas”. Pelo menos, entre nós mulheres, as coisas estão nestes termos.

Qual foi a minha surpresa ao encontrar a alguns dias, não só um, mas três rapazes sofrendo por três garotas!!! Sim, eles se lamentavam, choramingavam, reclamavam, encheram meu saco com perguntas e lamentações. Três patetas!!! Um ajudando ao outro, consolando, aconselhando a superar, qual três noivas abandonadas no altar! Uma cena, no mínimo, esdrúxula.

Admito que as três moças, por quem os três patetas nutrem sentimentos tão sinceros, são três amigas minhas (por isso fui alvo de tantos pontos de interrogação). As três inverteram completamente os papéis. Enquanto eles sofrem e se resignam, elas estão na balada, combinam as farras a partir da quinta à noite, saem e curtem, bebem e riem, são muuuuuiiiiiito paqueradas, selecionam, se divertem, são realmente meninas super poderosas. Não tenho acompanhado o dia-a-dia dos rapazes, mas as notícias que me chegam são as de que correm atrás dos seres amados como um cachorro faminto atrás de um osso de galinha carnudo.

Esta mudança de paradigmas me faz refletir acerca de GÊNERO. A revolução social por que passa este país é algo realmente gigantesco. Não bastou sairmos de casa para trabalhar, sermos economicamente independentes, inteligentes, concorrentes de igual para igual, livres; hoje, o âmbito de atuação feminina é bem maior e a equiparação ao sexo masculino abrange certos tipos de conduta antes exclusivamente por eles tomadas.

A atitude de minhas amigas é algo admirável. Tenho certeza que nossas avós ficariam boquiabertas com tamanha desenvoltura e força de vontade, com tanta personalidade. Para as mulheres daquele tempo, uma mulher deveria ser discreta, comedida, resignada, forte ante adversidades, presente ao lado do marido para o que quer que fosse. Hoje, buscamos Felicidade (é isso que minhas amigas mais falam). Felicidade plena, independente de homens, porque somos jovens mulheres de um século que promete grandes transformações.

Como solteira convicta, estou adorando a turminha que formamos nas nights. Rapazes, se preparem porque nós vamos abalar!!!