aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

4.11.04

QUEDA LIVRE

"O risco é que, no momento em que se notar o que se perdeu por não ter dito nada, já não se possa mais dizer mais nada". Voltamos àquela história batida e clichê do é melhor se arrepender do que fez do que nem ter, ao menos, tentado. A impulsividade é uma característica que me persegue... Em tudo na minha vida ajo assim: decido na última hora, deixo-me levar pelo coração, fecho os olhos e, sem pensar, me entrego... Muitas vezes dá tudo certo no final. Muitas vezes, caio no abismo de braços abertos e um sorriso no rosto. A queda dá aquele frio gostoso na barriga ¿ butterflies, you make me feel like butterflies -, mil sensações deliciosas, vou caindo e apreciando a paisagem, sentindo as emoções, sem olhar para o que já passou e aproveitando cada momento. O que é o amor se não uma queda livre? Um pulo no abismo??? Antes, morre-se de medo, treme-se, diz-se: ¿Deus me livre!¿. Quando ele tá ali, na sua frente, surge uma coragem não sei de onde, uma força que faz com que a gente se jogue no nada, sem rede de proteção, sem defesas, sem pára-quedas até. A gente pula e depois pensa. Fecha os olhos, cruza os dedos e torce para ser correspondido. Como eu disse acima, durante a queda são mil borboletas na barriga, mil sensações... Neste momento, a gente pede para que estas emoções durem para sempre. É tão bom este sentimento: a vida preenchida, a alma completa, sorrisos nos lábios, o sol, o céu mais azul, flores na janela, pássaros a cantar... De repente, não mais que de repente, a gente vê o chão se aproximar! Um susto, muito medo do baque, da dor. Sem que a gente perceba, se estabaca no chão. Sofre, sofre, sofre... Pensa que jamais ficará bom. Jura para si que nunca mais se jogará neste abismo novamente. Faz promessas para que não deixe o coração amolecer novamente, que nunca mais, NUN-CA MAIS!, vai sentir aquela dor novamente. Algum tempo depois, a gente se pega à beira do abismo de novo, com a mesma força impulsionando a gente para se jogar. De repente, butterflies, céu azul, muitas flores... O que é o amor se não um pulo em um abismo, sem pára-quedas, sem rede de proteção??? E por mais que haja a aterrissagem conturbada e dolorida, é uma delícia se jogar. Alguém discorda??? É aquela velha história do melhor se arrepender do que fez do que não ter, nem ao menos, tentado.