aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

15.12.04

Pessoas!

Como saber, ao conhecer alguém, que essa pessoa estará ao seu lado para sempre? Como reconhecer a verdade na companhia de outrem? Como desvendar os mistérios intrínsecos a cada ser humano e desfrutar a genialidade de cada um?

Vejam bem, não estou aqui destrinchando um amor romântico, mas apenas falando das pessoas, aquelas que aparecem na sua vida, chegam devagar, mas para ficar. Vêm sem nada nas mãos, a gente nem desconfia que vão se apossar do nosso coração, mas de repente nutre um amor incondicional e inexorável por este alguém. Não são assim os grandes amores e as grandes amizades de nossas vidas?

Para cada momento da minha vida, para cada instante alegre ou triste, furtivo ou longo, intenso ou delicado, dramático ou caótico, hilário (whatever!), sempre tive algum amigo ao meu lado. Mas é realmente curioso pensar em quem, dos amigos atuais, estará comigo em dez anos.

Se me fizesse esta pergunta há dez anos, com certeza, não obteria como resposta nenhuma das 4 amigas com quem me encontrei no último sábado. Éramos cinco meninas, vivendo as loucuras e doçuras que a adolescência proporciona. Éramos cinco meninas sonhando, nos divertindo, cantando... éramos cinco meninas, estudantes colegiais, fardadas (primeiro, uma farda cinza horripilante; depois, uma farda azul!), felizes, diferentes.

Cada uma delas foi minha melhor amiga em algum momento. Primeiro, Nunu, numa fase em que tudo que importava era cair na balada, contar para todo mundo que eu já andava em festas e chegar em casa de manhã cedinho. Eu estava ao lado dela quando ela o conheceu. Como saber que aquela história em frente ao palco duraria tantos anos, casamento e filhos?!?!

Depois, a Ju, numa fase em que estudar era essencial. Dividíamos, livros, colas, provas, remédios para não dormir e virar a noite lendo tudo, devorando livros. Confraternizávamos juntas as melhores notas e o concurso de beleza que ela ganhou. Fomos juntas ao baile de formatura do primeiro grau. Mais tarde, passamos no mesmo vestibular para a mesma faculdade, parecia que a nossa dupla dinâmica seria eterna, algumas coisas deram errado para mim $$$. Não fiquei lá, mas no fim, não foi tão mal assim.

Depois, a Te, na minha fase mais romântica, de músicas, diários, disparates, poesias e amores. Foi uma grandissíssima amiga para tudo e para sempre. “For all those times you stood by me, for all the truth that you made me see, for all the joy you brought to my life, for all the wrong that you made right...I'll be forever thankfull”.

E a Debbie, com seu jeito meigo, seus olhos verdes, seu sorriso, pronto pra tudo, minha ouvinte e confidente nas inúmeras histórias que lhe contei pelo messenger num passado mais recente. A mais presente em minha vida atualmente.

Cada uma delas sabe a importância desta amizade que já comemora um decênio (pelo menos para mim! Algumas delas se conhecem de antes!). Um decênio! Uma década! Quem diria! Hoje, cinco mulheres com vidas atarefadíssimas, ocupadíssimas, corridíssimas, atribuladíssimas. Cinco mulheres com o mesmo coração, o mesmo sorriso e o mesmo sentimento de dez anos atrás.

Esta irmandade que somos nós (porque alguém já disse que amigo é o irmão que a gente escolhe), embora carregue uma carga pesada de melancolia e nostalgia dos tempos remotos em que éramos só adolescentes sem tantas responsabilidades, com o passar do tempo nos uniu ainda mais e fez-nos entender e dimensionar o real valor disso tudo que vivemos juntas.

A maturidade chegou para todas e com ela todos os problemas inerentes, todas as responsabilidades, preocupações e frustrações. Todavia, resta, no coração de cada uma, uma força tênue, mas pulsante, que reporta a este passado feliz, em que cada uma esteve ao lado das outras e toda a preocupação da vida se resumia a passar de ano ou tirar dez em trigonometria (de preferência, para impressionar o Laerti).

Na verdade, nada mudou. Somos as mesmas meninas, com os mesmos sonhos, os mesmos planos e o mesmo coração. Só que hoje, temos tudo isso num horizonte mais próximo. Não estamos mais fardadas, mas vestimos carapuças sociais que nos impõem segundo a profissão que escolhemos. Temos os mesmos medos, de sofrer de amor, de ficar sozinha. As mesmas necessidades de alegria e companhia. Hoje somos cinco mulheres que, adultas, descobriram (pelo menos, eu descobri): a certeza de que se é alguém especial na vida de outro.

Meninas, é óbvio que este texto fala de nós! Vocês são realmente muito especiais. Amo-as todas e admiro-as cada dia mais. Sei que posso contar com todas e a recíproca é plenamente verdadeira. Na hora do aperreio, corre pra cá. É só ligar! Quem diria, quem de nós imaginava que nos corredores daquele saudoso CLF encontraríamos amizades para a vida inteira?
Só para não esquecerem: AMO VOCÊS DEMAIS!
PS: O encontro rolou dia 11/12/2004
PS2: Debbie, o churrasco tem que rolar!