aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

20.1.05

Sempre para frente!

Acabo de ler um texto que fala sobre encerrar ciclos. É preciso, diz o texto, saber fechar a porta atrás de si e continuar em frente, sem olhar para trás. É preciso saber começar e viver o novo, sem resquícios ou amarguras do que já passou. É preciso fechar as caixas com as cartas de amor e "fotos de nós dois". É preciso aprender a entender que algumas pessoas estão só de passagem em nossas vidas, não permanecerão. É preciso ir adiante e esquecer o passado. É preciso encerrar os ciclos.

Saber passar por cima de situações difíceis é demonstração de maturidade. Saber esquecer e continuar a viver após ter sido magoado é grandioso. Ter fé nos outros e confiar no próximo mesmo que muitas mentiras lhe tenham sido contadas, mesmo que tenham sido infiéis ou canalhas, é sinal de um grande caráter. Tudo isso é a capacidade de viver, mesmo ante as adversidades, mesmo convivendo com os problemas. É, acima de tudo, capacidade de ser feliz mesmo que as linhas de nossa história sejam tortas.

Li no blog de uma amiga (Camilla: http://milabraz.blogspot.com) comentários sobre a estagnação, a resignação de alguns frente a grandes sofrimentos. As pessoas param no tempo, transformam-se em adolescentes tardios, eternos sofredores, culpam-se e sofrem, deixam de amar a si e sofrem, choram pelo fim do relacionamento “perfeito” e sofrem, acham que nunca mais serão felizes e sofrem... Sofrem, sofrem, sofrem... Em vez de ver as possibilidades que existem adiante, prendem-se ao passado, permanecem amarrados a ele e a impossibilidade de retorno acaba transformando-os em seres depressivos, tristes, que afastam os outros de si.

Sempre digo que é muito melhor ser alegre que ser triste. Pode parecer óbvio, mas isso vale para todas as situações na vida. Em vez de se trancar dentro de si, com mágoas e rancores, melhor sair para dançar. Em vez de relembrar momentos maravilhosos que passamos com alguém, melhor levantar a vista e procurar um olhar fulminante, penetrante, insinuante. Em vez de derramar lágrimas por alguém que não merece nossa consideração, melhor mesmo é ver quem está aí ao lado sempre que é preciso. Prefira a vida ao sofrimento. Como a própria Camilla comentou, já dizia Fernando Pessoa: “A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”.

Não sei conviver com o sofrimento. Tenho cá meus calos, minhas feridas, minhas partes ainda dormentes, mas prefiro caminhar pela vida sem olhar para trás, sem me arrepender do que fiz, sem chorar o leite que derramei ou que derramaram sobre mim e fitar o porvir, como diria Mário Quintana, “como se estivessem abertos todos os caminhos do Mundo”, aberta ao mundo.