Dirigir (parte I)
Antes mesmo de completar dezoito anos, já sonhava com minha carteira de motorista. Liberdade, independência, solução, não sei que sentido onírico ela implicava, mas era profundamente desejada. Pois bem. Meu pai resolveu me dar umas aulinhas de direção antes que eu entrasse na auto-escola. Beleza!
Naquele dia, saímos de casa cedo, fomos para umas ruazinhas calmas e trocamos os assentos. Lá ia eu para o banco do motorista, meu pai para o do passageiro. Vejam a cena: eu, suando, pernas tremendo, mãos frias, apertando o volante como se pudesse evitar que algo de ruim acontecesse caso mantivesse a direção bem segura em minhas mãos; meu pai, por sua vez, atento, uma mão próxima ao freio de mão, a outra segurando aquele apoio preso ao teto, o pé pisando tão fundo que alguém poderia imaginar que ele tava pensando que ali existia um freio, nervoso.
Acerto o assento, ajusto os retrovisores, coloco o cinto de segurança, ligo o carro, meu pai dá as instruções:
- Aperte a embreagem; respondo:
- Qual dos três é a embreagem e com que pé eu piso?”
Ele respira fundo como se pedisse a entes superiores paciência:
- O da esquerda, Marcele!
- Certo! E agora o que eu faço???
- Passe a primeira e depois vá soltando a embreagem devagar ao mesmo tempo que você acelera, pisando o da direita. Esse aí do meio é o freio.
- Certo, pai.
Respiro fundo, olho fixamente para a rua, vou soltando o pé da embreagem e... isso mesmo, estanquei. Meu pai dá o apoio:
- Calma, no começo é difícil mesmo reconhecer o timing de acelerar. Desligue o carro e faça tudo de novo.
Desligo o carro, três segundos, ligo de novo, aperto a embreagem, engato a primeira, vou soltando e acelerando de leve (não quero sair cantando pneu, né?) e então... estanco de novo! Respiro mais uma vez. Desligo o carro, três segundos, ligo de novo, passo a primeira, "porra! Estanquei de novo!". Calma, calma, calma, desligo o carro, três segundo, ligo de novo.... Estanquei! Estanquei! Estanquei!
Duas horas depois, meu pai:
- Minha filha, você tem certeza que quer tirar carteira de motorista?!?!?! Você não consegue nem fazer o carro andar!!! Você é igualzinha a sua mãe, desesperada, não tem nervos para dirigir. Não conseguirá, nunca!
A paciência dele já fora para o beleléu e eu, depois de ter estancado 450 vezes, respondo choramingando:
- Vou conseguir, sim, pai!!! Snif, snif...
Então, ligo o carro, passo a primeira e saio rasgando, mas consegui colocar o carro para andar, não consegui? Meu pai me manda dobrar à direita, eu pergunto como se faz e ele responde que é só girar a direção. Pensei: “Oba! Isso é fácil!”, faço um giro de mais ou menos 90º (KKKKKKKK!!!!). Obviamente o carro faz uma leve puxada para a direita, neste momento, meu pai intervém, puxando a direção para que o carro entre na rua... Ainda assim, a curva sai muito aberta e vinha um outro veículo em direção a mim. Desespero! Meu pai avisa:
- Puxe mais para a direita para que você fique na sua mão.
A louca enrola mais ainda a direção e quase faz um retorno, meu pai se desespera e grita:
- Freia! Freia!
A louca confunde os pedais e pisa o acelerador... Dez segundos depois: estava eu em cima de uma calçada de mais ou menos 30 cm de altura, quase bati na parada de ônibus, quase matei um pedestre, estourei o pneu do carro, arranhei um pouco a lateral, desci toda me tremendo, quase desmaiei, as pessoas que moravam perto do local, ouviram o estrondo do pneu estourando e saíram de suas casas com copos de água para me tranqüilizar, diziam que não foi nada... Meu pai, calmo, desce para trocar o pneu e diz:
- Da próxima vez, vamos para um lugar mais deserto!
Essa foi a minha primeira experiência com a direção. Hoje em dia é um hobby, um momento de relaxamento, dirigir. Sim, eu tirei a carteira de motorista de primeira e dirijo muito bem. Queria ter escrito sobre o trânsito em Fortaleza, mas fica para a próxima.
Naquele dia, saímos de casa cedo, fomos para umas ruazinhas calmas e trocamos os assentos. Lá ia eu para o banco do motorista, meu pai para o do passageiro. Vejam a cena: eu, suando, pernas tremendo, mãos frias, apertando o volante como se pudesse evitar que algo de ruim acontecesse caso mantivesse a direção bem segura em minhas mãos; meu pai, por sua vez, atento, uma mão próxima ao freio de mão, a outra segurando aquele apoio preso ao teto, o pé pisando tão fundo que alguém poderia imaginar que ele tava pensando que ali existia um freio, nervoso.
Acerto o assento, ajusto os retrovisores, coloco o cinto de segurança, ligo o carro, meu pai dá as instruções:
- Aperte a embreagem; respondo:
- Qual dos três é a embreagem e com que pé eu piso?”
Ele respira fundo como se pedisse a entes superiores paciência:
- O da esquerda, Marcele!
- Certo! E agora o que eu faço???
- Passe a primeira e depois vá soltando a embreagem devagar ao mesmo tempo que você acelera, pisando o da direita. Esse aí do meio é o freio.
- Certo, pai.
Respiro fundo, olho fixamente para a rua, vou soltando o pé da embreagem e... isso mesmo, estanquei. Meu pai dá o apoio:
- Calma, no começo é difícil mesmo reconhecer o timing de acelerar. Desligue o carro e faça tudo de novo.
Desligo o carro, três segundos, ligo de novo, aperto a embreagem, engato a primeira, vou soltando e acelerando de leve (não quero sair cantando pneu, né?) e então... estanco de novo! Respiro mais uma vez. Desligo o carro, três segundos, ligo de novo, passo a primeira, "porra! Estanquei de novo!". Calma, calma, calma, desligo o carro, três segundo, ligo de novo.... Estanquei! Estanquei! Estanquei!
Duas horas depois, meu pai:
- Minha filha, você tem certeza que quer tirar carteira de motorista?!?!?! Você não consegue nem fazer o carro andar!!! Você é igualzinha a sua mãe, desesperada, não tem nervos para dirigir. Não conseguirá, nunca!
A paciência dele já fora para o beleléu e eu, depois de ter estancado 450 vezes, respondo choramingando:
- Vou conseguir, sim, pai!!! Snif, snif...
Então, ligo o carro, passo a primeira e saio rasgando, mas consegui colocar o carro para andar, não consegui? Meu pai me manda dobrar à direita, eu pergunto como se faz e ele responde que é só girar a direção. Pensei: “Oba! Isso é fácil!”, faço um giro de mais ou menos 90º (KKKKKKKK!!!!). Obviamente o carro faz uma leve puxada para a direita, neste momento, meu pai intervém, puxando a direção para que o carro entre na rua... Ainda assim, a curva sai muito aberta e vinha um outro veículo em direção a mim. Desespero! Meu pai avisa:
- Puxe mais para a direita para que você fique na sua mão.
A louca enrola mais ainda a direção e quase faz um retorno, meu pai se desespera e grita:
- Freia! Freia!
A louca confunde os pedais e pisa o acelerador... Dez segundos depois: estava eu em cima de uma calçada de mais ou menos 30 cm de altura, quase bati na parada de ônibus, quase matei um pedestre, estourei o pneu do carro, arranhei um pouco a lateral, desci toda me tremendo, quase desmaiei, as pessoas que moravam perto do local, ouviram o estrondo do pneu estourando e saíram de suas casas com copos de água para me tranqüilizar, diziam que não foi nada... Meu pai, calmo, desce para trocar o pneu e diz:
- Da próxima vez, vamos para um lugar mais deserto!
Essa foi a minha primeira experiência com a direção. Hoje em dia é um hobby, um momento de relaxamento, dirigir. Sim, eu tirei a carteira de motorista de primeira e dirijo muito bem. Queria ter escrito sobre o trânsito em Fortaleza, mas fica para a próxima.
<< Home