aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

13.6.05

Insensibilidade

Em que lugar do mundo eu larguei minha alma? Em que lugar eu arranquei-a de mim e me transformei neste ser vazio, desbotado, amassado???? Quando, em que momento exato, eu a expurguei e tranquei o coração? Quando foi que eu me transformei neste ser insensível?

Queria voltar a ter os olhos adocicados e esperançosos, brilhantes e crentes de que o amor ainda é capaz de mudar tudo... Queria as borboletas, a revoada, a alegria, o tom, a cor... Queria o amor. Mas ele não vem, ele não veio, talvez, não venha nunca mais.

Não!!! Não quero sentimentos piedosos, não quero olhos lacrimejantes... Quero apenas compreender porque fui condenada a esta solidão insone, que me observa e me acompanha, gruda em mim e não permite que ninguém mais se aproxime. Porque, no lugar de um coração fiel, transbordante, aberto, receptivo; há hoje um coração de pedra, duro, fechado, frio, que não bate mais, que não salta mais, que não me engasga mais a garganta????

Em que presídio de segurança máxima foi apreendida a minha capacidade de amar, condenada a prisão perpétua?

Insensibilidade

Pede clemência
Quer da paixão, a demência
Do amor, a consciência
De sua completa insuficiência

Ajoelha e se desespera
Quer de novo a primavera
Quer o amor de novela
Quer, ávida, a aquarela

Clama pela revoada
Pela alma fisgada
Por, no coração, a flechada
Pela vida desviada

Suplica pela sensação
Por, nos seus olhos, clarão
No seu corpo, a tentação
No seu sexo, tesão
Mas a alma extenuada
É deserta, está morta, é penada
Coração é coisa trancada
Que já não sente nada

E em seu desconsolo
O corpo não segura o choro
E perde todo o decoro
Só para sentir de novo

Mas não sente.

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