aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

27.4.05

Às vezes...

Às vezes, as palavras faltam para dar vazão ao infinito interno que explode...
Às vezes, os sentidos faltam, não permitindo que se sinta a luz, que se beije a cor, que se ouça a primavera, que se veja a doçura...
Às vezes, falta razão e saio louca, tateando a vida, apalpando sonhos, tropeçando em erros, escorregando em ilusões...
Às vezes, a sensibilidade me foge e, então, firo com ferro e me machuco nos espinhos; furo olhos e queimo a mão; aposto alto e sigo sem um tostão.
Às vezes, me faltam freios e sigo intensa, explodindo em lágrimas, dobrando-me às gargalhadas, arrebentando o coração, entregando a alma.
Às vezes, falta o empurrão, sigo arrastada, de braços dados à solidão, cabisbaixa, suportando o mundo nas costas e puxando o peso de toda a decepção.
Às vezes, não se enxerga mais o ideal, o objetivo, a motivação, sigo, então, alienada, me prendendo ao fútil, admirando o inútil e convivendo com a resignação.
Às vezes, é a amizade que me falta; ando sozinha, então, vou sem pressa, olhando para dentro, ouvindo meus próprios problemas, entrando em controvérsia, buscando soluções.
Às vezes, é só saudade, então socorre-me a tecnologia e, do outro lado do mundo, encontro meu conforto.
Às vezes, é só carência e basta o contato com o colo dela ou o ombro dele para que me sinta segura e calma.
Às vezes, é só o amor que me falta, mas, neste único caso, há que se confiar no acaso, é um sem-solução.


Desculpem-me, ainda esperando o transbordamento de sentimentos que me permitem a escrita insana, o explodir nos textos...