aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

11.9.05

GREVE e Revival

Muitas pessoas não entendem porque apoio a greve dos professores da UFC. Enquanto formanda, eu deveria estar indignada. Enquanto estudante e principal prejudicada, eu deveria ser veementemente contra, certo? Pois eu apoio a greve e aplaudo a atitude não só dos professores da minha Universidade, como das outras 24 federais em greve no país.
Não vou discorrer aqui sobre a pauta de discussão, nem sobre as motivações da greve. Este blog não tem cunho político. Não tenho a enor pretensão de transformá-lo num embate político-ideológico. Só colo aqui um texto que um colega de turma mandou para o nosso grupo e reflete exatamente o que penso e porque me orgulho de estudar numa universidade pública, gretuita e para todos, porque me orgulho de fazer parte de uma universidade federal.

"Foi mais ou menos assim:

Ele era um menino e não podia ter mais que nove anos.

O pai era ausente, como a maioria dos paisdaquela geração, sempre ocupadíssimos, entre
trabalhos, afazeres e outras...

Mas, naquela manhã, num daqueles dias luminosos que só o Rio tem, tinham saído juntos, talvez para tomar um picolé. Quando voltavam para o apartamento, felizes da vida, o pai bem humorado, e o filho encantado com o sorvete, viram aquela cena inusitada:

Dois guris engalfinhados numa luta feroz. Um deles era um garoto que o pai já tinha visto
brincando com o filho; e o outro, um rapaz mais velho e imensamente maior. O menor estava apanhando para chuchu. Brigavam por causa de umas bolas de gude que o grandalhão queria tirar do moleque.

O filho queria ir para casa, mas o pai segurava a sua mão com força. E então, à queima roupa,
o pai disparou a fatídica pergunta:

- Você não vai fazer nada?

Foi ali que o menino foi colocado, pela primeira vez, diante de um dilema moral. Porque a escolha era entre o ruim e o muito ruim. Ou o garoto não reagia, prostrado pelo medo, e seria julgado pelo pai como um covarde ou intercedia a favor de seu amigo e, provavelmente, levaria uma surra.

Foi assim que ele aprendeu a primeira lição ética de sua vida, daquelas que não se esquece:
Numa luta entre desiguais, a indiferença é sempre a cumplicidade com o mais forte."

Valério Arcary



"... ou os estudantes se identificam com o destino de seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam dele, e, nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo." (Florestan Fernandes)
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Tava aqui em casa, nesse sábado à noite, sem fazer absolutamente nada, que não vagar pelo cyberespaço, quando caio num flog de um amigo, em que tocava uma música que me fez rever minha vida inteira passando num filme. Inúmeras fotografias mentais me doeram novamente. Inúmeros perfumes me feriram as narinas novamente. Inúmeras palavras eu escutei mais uma vez. E fiquei aqui, com a música ecoando como se dentro de mim estivesse. Ela serve perfeitamente pra muitos momentos e eu sou mesmo meio mutante. Por isso e por muitas outras coisas que não convém que eu expresse aqui, segue a letra.
Juro que não vai doer
Se um dia eu roubar
O seu anel de brilhante
Afinal de contas dei meu coração
E você pôs na estante
Como um troféu
No meio da buginganga
Você me deixou de tanga
Ai de mim que sou romântica!
Quando eu me sinto um pouco rejeitada
Me dá um nó na garganta
Choro até secar a alma de toda mágoa
Depois eu passo pra outra
Como um mutante
No fundo sempre sozinho
Seguindo o meu caminho
Ai de mim que sou romântica!
Kiss me, baby, kiss me
Pena que você não me quis
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim!
Romântica, assim!