aberta ao mundo

Ando pela vida como se abertos estivessem todos os caminhos do mundo. (Mário Quintana)

4.10.05

Alguma coisa aconteceu no meu coração


A cidade é cinza, bem como oo céu, que é assim o tempo inteiro. As pessoas são frias e os termomêtros cooperam com essa frieza de caráter, e espírito, e alma. É tudo suntuoso. É tudo enorme, grandioso, largo, magnífico. A cidade me ganhou. Não sei se pelo frio elegante, se pela chuva de oportunidades, se pela vida noturna agitadíssima, se pelo ar cosmopolita, se pela variedade de estilos e pessoas, se pela infinidade de machos maravilhosos, se pela plenitude cultural, se pelo apelo intelectual, se pelo vício desenvolvimentista, se pela necessidade de expansão e trabalho... Não sei. Mas senti-me recepcionada com um tapete vermelho, como se o futuro abrisse-me seus braços, como um pai, e dissesse: "Vem, minha filha, que eu estava só esperando você crescer". E eu no regaço deste pai cruel e ausente, me deito e me delicio. Não consigo esconder o brilho nos olhos nem controlar o frio que me percorre a espinha quando penso na possibilidade de retornar a este aconchego, mas sei que há algo esperando por mim. E eu vou desvendar...